No ano de 1902, uma comitiva saía da Estação da Luz, na capital paulista, em direção ao interior do estado, levando mudas, bandeiras e a mensagem de que era preciso amar e proteger as árvores. O grupo era composto por cientistas, autoridades públicas, músicos e reuniu 600 crianças no município de Araras, onde, no dia 07 de junho, foi realizada a primeira Festa das Árvores no Brasil.
Inspirada no “Arbor Day” (Dia da Árvore), evento que ocorria nos Estados Unidos e outros países, a Festa foi organizada por três pessoas que já se preocupavam com o avanço do desmatamento no país e em São Paulo: Alberto Löfgren, responsável pela área de botânica da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo; o engenheiro João Pedro Cardoso, inspetor de Agronomia do Estado; e o poeta Coelho Neto, que escreveu diversos textos exaltando a importância da natureza.
Até meados do século XIX, São Paulo era uma província pobre e pouco expressiva. Com a inauguração da estrada de ferro, em 1872, o cultivo do café no interior foi viabilizado, trazendo muitos investimentos. Assim, naquela época, considerava-se extremamente importante abrir estradas de ferro, alimentar as fornalhas das locomotivas com carvão e derrubar florestas para dar lugar aos cafezais. Foi para dar apoio científico à produção agrícola que foi criada a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo – CGG (1886-1931), que passou a desbravar o oeste paulista para mapear seus recursos naturais.
Mas diferente das expedições que os cientistas costumavam realizar ao interior do Estado, naquele junho de 1902, a ideia era celebrar a importância da Natureza para a vida humana, além de sensibilizar a população sobre a necessidade de preservar o Meio Ambiente, de forma alegre e carismática. Esta pode ser considerada uma das primeiras ações de Educação Ambiental do país.
A Festa, que foi realizada em Araras, um dos principais centros cafeicultores de São Paulo, foi considerada uma afronta para muita gente. Mas, se hoje podemos conhecer e desfrutar paisagens naturais estonteantes, verdadeiros santuários do Meio Ambiente protegidos por lei, como os parques estaduais da Cantareira, Alberto Löfgren, do Jaraguá, e outros, foi por causa das ações pioneiras que aqueles indivíduos promoveram desde o final do século XIX.
No entanto, a urbanização descontrolada, a alta produção e o consumo desenfreados que geram uma larga escala de resíduos têm contribuído cada vez mais para a diminuição das áreas verdes no país. Isto impacta diretamente na qualidade de vida da população, que sofre, por exemplo, com crises de abastecimento de água, problemas de saúde decorrentes da poluição atmosférica e o aumento de transtornos psicológicos como o estresse. Por isso, atividades como aquela continuaram sendo tão necessárias.
Em 1965, a festividade ganhou um decreto presidencial, sendo chamada de Dia da Árvore. Devido às características climáticas do país, teve sua data alterada para a última semana de março nas regiões norte e nordeste (por ser o início do período de chuvas), e para o dia 21 de setembro, na entrada da primavera, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.
Diversas instituições realizam, anualmente, atividades para celebrar a importância da preservação e do plantio de árvores. O Museu Florestal, por exemplo, que fica no Parque Estadual Alberto Löfgren – Horto Florestal, até hoje se inspira nas ideias do patrono do parque e celebra a Festa das Árvores, buscando semear novas ideias, cultivando o amor pela Natureza, e convidando todos a realizar ações ao longo do mês de setembro. Cada proponente – seja escola, prefeitura, parque – pode oferecer uma atividade de acordo com suas condições. Podem ser plantios, caminhadas, oficinas, rodas de conversa, intervenções, exibição de filmes, campanhas virtuais etc. São diversas as estratégias que podem ser utilizadas para sensibilizar a sociedade sobre como as árvores (e a falta delas) interferem na vida de cada um de nós. Mas é importante, no entanto, que as atividades não se resumam a uma data isolada no ano. É preciso que, continuamente, ações de educação ambiental promovam reflexões que de fato transformem a percepção das pessoas sobre as causas do desmatamento e a importância da preservação das árvores.
Em Araraquara, o Dia Mundial da Árvore terá programação especial no Parque Natural Municipal do Basalto, com palestras, apresentações culturais, trilhas ecológicas e plantio de mudas. Todas as atividades são gratuitas e abertas para todo o público e serão realizadas pelas secretarias municipais de Meio Ambiente e Sustentabilidade; Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo; Educação; e Assistência e Desenvolvimento Social, além de parceria com o Curso de Ciências Biológicas da Universidade de Araraquara (Uniara).
O Parque do Basalto fica na Avenida São João, s/n, no Jardim Pinheiros.
PROGRAMAÇÃO DO DIA DA ÁRVORE – 21/09 – PARQUE DO BASALTO
8h30 – Abertura
Coral da EMEF do Campo “Professor Hermínio Pagotto” – Assentamento Bela Vista do Chibarro
8h45 – Palestra: “Incentivo à Moeda Verde” – A ação de trocar materiais recicláveis por uma moeda social
– Silvani da Silva, coordenadora Executiva de Segurança Alimentar
Graduada em Pedagogia da Terra (UFSCar) e Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UNIARA)
9h30 – Intervalo para o café
10h – Trilha Ecológica: Riqueza e diversidade da arborização do Parque Natural Municipal do Basalto
– Professor Dr. João Carlos Geraldo
Doutor em Geografia pela UNESP de Rio Claro e Professor dos Cursos de Biologia e Fisioterapia da Uniara. Coordenador e responsável técnico pelo projeto de arborização e paisagismo do Parque Natural Municipal do Basalto de 1998 a 2018 (período de concessão do Parque do Basalto à Uniara).
12h – Intervalo para almoço
13h30 – Palestras com Docentes da EMEF do Campo “Professor Hermínio Pagotto”
Educação no Campo: Práticas e Resistência
– Professor Dr. Reginaldo Anselmo Teixeira
Professor do 5º ano – EF I
Educação Ambiental: Cuidado com a Terra
– Professora Dra. Helga Caroline Peres
Professora da Educação Integral
Sustentabilidade: Projetos da Escola do Campo
– Professora Mestra Laís Túbero Izidoro
Professora de Geografia – EF II
14h15 – Palestra: “Colhendo Dignidade” – Programa Municipal de Hortas Urbanas Comunitárias
– Enedina Ferreira de Andrade, coordenadora Executiva de Agricultura/PMA
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Especialização em Educação do Campo e Agroecologia na Agricultura Familiar e Camponesa – Residência (Unicamp) e Mestrado Profissional em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (Fiocruz).
15h – Atividade de encerramento:
Plantio de mudas especiais no Parque Natural Municipal do Basalto
Responsáveis: Técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
Veja mais sobre o evento em Araraquara: https://www.araraquara.sp.gov.br/noticias/2022/setembro/20/no-2018canal-direto2019-gerente-do-meio-ambiente-detalha-programacao-do-dia-da-arvore
Para mais informações sobre a Festa das Árvores: https://festadasarvores.wixsite.com/2019 e museuflorestal@sp.gov.br
Texto: Equipe Museu Florestal e equipe Coordenadoria de Educação Ambiental, retirado de https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/dia-da-arvore-da-origem-ate-os-dias-de-hoje/
Gerência de Comunicação e Eventos, 21 de setembro de 2022.