O que é Esgoto?
Esgoto é termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes dos diversos usos das águas, tais como: domésticos, industrial, água de infiltração e contribuição pluvial parasitária (ABNT, 1986)
Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas: água de banho, urina, fezes, sabões, detergentes, águas de lavagens, etc.
Características químicas do Esgoto
A composição do esgoto doméstico é constituída por 99,99% de água e 0,01% de sólidos. A Figura 1 apresenta a composição do esgoto doméstico.
Por que tratar o Esgoto?
- Importância na saúde pública: reduzir o número de organismos patogênicos e evitar o contato de vetores com fezes, prevenindo a transmissão das doenças de veiculação hídrica.
- Importância ambiental: evitar a degradação ambiental, através da contaminação dos solos e dos mananciais, protegendo a vida vegetal e animal.
- Importância econômica: reduzir o custo do tratamento da água, aumentar a vida média do homem pela redução dos casos de doenças; diminuir as despesas com o tratamento de doenças gastrointestinais.
- Importância estética: evitar prejuízos ao lazer e ao turismo, pelo mau cheiro e aspecto.
Tratamento de Esgotos
O tratamento de esgoto consiste em estabilizar a matéria orgânica, constituída principalmente de proteínas, carboidratos e lipídios, ou seja, transformá-la em compostos inertes. (Maintinguer, 2015). Além disso, o tratamento do esgoto visa devolver a água ao meio com as características próximas as originais quando captada.
- Processos Físicos: caracteriza-se por remover sólidos fisicamente separados dos líquidos ou que não se encontrem dissolvidos.
- Tratamento preliminar ou primário
- Processos Biológicos: são processos que dependem da ação de microrganismos presentes nos esgotos. Se o processo de tratamento for aeróbio, microrganismos aeróbios farão a degradação da matéria orgânica gerando CO2 e H2 Se o processo de tratamento for anaeróbio, microrganismos anaeróbios atuarão na degradação da matéria orgânica produzindo CH4 e CO2. A Figura 2 ilustra a diferença entre os produtos gerados nos processos de tratamento aeróbio e anaeróbio.
- Tratamento secundário
- Processos Químicos: são processos em que há a necessidade de se utilizar produtos químicos quando o emprego de processos físicos e biológicos não atendem ou não atuam eficientemente nas características que se deseja reduzir ou remover.
- Tratamento terciário
Estação de Tratamento de Esgotos
O DAAE Araraquara é responsável por três Estações de Tratamento de Esgotos, sendo elas:
- ETE Araraquara
População atendida: 224.034 habitantes (IBGE, 2015)
Início de operação: outubro de 1999
Tipo de tratamento secundário: lagoa de aeração seguida de lagoa de sedimentação.
Volume de esgoto diário para tratamento: 56.000 m3.
Lançamento do efluente: Córrego Ribeirão das Cruzes – Classe IV
O sistema de tratamento de esgoto da ETE Araraquara consiste em duas etapas o tratamento preliminar ou primário (processo físico) seguido do tratamento secundário (processo biológico). O tratamento preliminar é composto por gradeamento grosso, um sistema constituído por grades com espaçamento de 20 mm e processo de remoção automática de detritos onde ocorre a separação de sólidos grosseiros, dentre os materiais removidos nesta etapa destacam-se canetas, sacolas plásticas, madeira, escova de dente, bolas de tênis, aparelho de barbear descartável, aparelhos de celular e bolinhas de borracha. A Figura 3 apresenta o gradeamento grosso da ETE Araraquara.
Após o gradeamento grosso a calha Parshall é responsável por medir o volume de esgoto que chega para tratamento, em média chegam à ETE 650 litros de esgoto por segundo, com período de maior vazão por volta das 14 horas. Em seguida o esgoto passa pelos desarenadores ou caixas de areia, onde partículas em suspensão são removidas após sedimentação provocada por redução na velocidade do percurso do esgoto através de raspador de fundo do tipo circular e remoção para caçambas externas através de roscas transportadoras helicoidais. A Figura 4 apresenta uma das três caixas de areia da ETE Araraquara.
Finalizando o tratamento preliminar, peneiras rotativas mecanizadas com espaçamento de 6 mm removem os resíduos e descartam em uma caçamba através de esteira transportadora. Dentre os materiais removidos nesta fase podemos citar restos de comida, estopas e preservativos. Todo resíduo removido nestas etapas são encaminhados ao aterro sanitário. A Figura 5 ilustra uma das peneiras da ETE Araraquara.
Após finalizar o tratamento preliminar inicia-se o tratamento secundário ou tratamento biológico. O esgoto é enviado às lagoas de aeração, com dimensões de 240m de comprimento por 125m de largura e 4,7m de profundidade e conferem um tempo de detenção de, aproximadamente, três dias e um volume de 103.700 m3, onde os microrganismos aeróbios presentes no esgoto degradam a matéria orgânica com o auxílio de oxigênio que é introduzido através de 16 aeradores em cada lagoa, dos tipos submersos e propulsores. A Figura 6 apresenta a lagoa de aeração da ETE Araraquara.
A Figura 7 – ilustra um dos módulos de lagoa de sedimentação e a Figura 8 – apresenta o lançamento do efluente tratado no corpo hídrico.
Figura 9 – Fluxograma do Sistema de Secagem do Lodo
- ETE Bueno de Andrada
Figura 10 – Rotamat e TAR
O tipo de tratamento da estação é o lodo ativado com aeração prolongada e fluxo intermitente (batelada). O ciclo de tratamento do esgoto da ETE Bueno de Andrada é de 24 horas. O tratamento secundário (processo biológico) é aeróbio e seu início ocorre quando o esgoto é enviado do TAR para os Reatores Sequenciais em Batelada, cuja sigla em inglês é SBR’s (Sequential Batch Reactors), ilustrado na Figura 11. Neste tanque o esgoto em contato com a biomassa (lodo ativado – rico em microorganismos) é responsável pela degradação da matéria orgânica (alimento) presente nos esgotos. Nos SBR’s o esgoto fica sob aeração e agitação por um tempo determinado e após esse período há uma interrupção no fornecimento de ar e cessa-se a agitação. O próximo período do ciclo de tratamento é o da sedimentação que demora três horas para a sedimentação do material em suspensão. Ao final do período de sedimentação, o material sólido encontra-se sedimentado no tanque e o efluente tratado é lançado no tanque de filtração, ilustrado na Figura 12.
Figura 11 – SBR’s
Figura 12 – Tanque de filtração
Figura 13 – Tanque de Desinfecção (Chicana)
Figura 14 – Tanque de Lodo Morto
Figura 15 – Tanque de Secagem de Lodo
- ECTE Assentamento Bela Vista
Figura 16 – Vista geral da Estação
Figura 17 – Unidade de gradeamento
Figura 18 – Reator Anaeróbio e Filtro Biológico
Após a remoção da matéria orgânica, o efluente já tratado passa por uma calha Parshall onde recebe pastilhas de hipoclorito de sódio para desinfecção e lançamento do mesmo no corpo receptor.
O monitoramento do efluente tratado das Estações de Tratamento de Esgoto do Daae é realizado mediante cronograma estabelecido pela Unidade de Análise e Controle de Qualidade e analisado no Laboratório Físico-químico e microbiológico do Daae.
CURIOSIDADES
Todos os dias são despejados no ambiente 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum, contaminando solos, rios, mananciais e praias, com impactos diretos na saúde da população. (IBGE, 2015).
As principais vítimas da falta de saneamento são crianças na faixa etária entre 1 e 6 anos, com probabilidade 32% de morrerem por doenças relacionadas a falta de acesso a esgoto coletado e tratado de forma adequada (Instituto Trata Brasil, 2015).
Por ano, 217 mil trabalhadores precisam se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de saneamento (Instituto Trata Brasil, 2015).
Ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta a sua produtividade em 13,3%, permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção (Instituto Trata Brasil, 2015).
Para cada 1 mil litros de água utilizada pelo homem resultam 10 mil litros de água poluída (ONU, 1993).
Gerência de Tratamento de Água e Esgotos
Unidade de Tratamento de Esgoto